Studying Time: 4 minutes
O mercado de tecnologia é notoriamente competitivo e, por muitos anos, foi dominado por quase exclusivamente homens. Com o tempo, o cenário vem se renovando e ficando um pouco mais misto, onde mulheres como Taís Morais, International Sr Digital Supervisor, na Wellhub, Nicolle Aquino, Basic Supervisor na Rappi, Mariana Ferronato, Diretora de Development na Nomad e Grazi Sbardelotto, VP de Advertising and marketing Cloud na Pmweb, conseguem quebrar barreiras e desafiar estereótipos ao ocupar posições de liderança em empresas tech.
Ainda assim, o caminho para um mercado justo, com as mesmas oportunidades e igualdade salarial vem se provando longo e cheio de desafios. Criado a partir da troca de experiências e perspectivas das profissionais no painel do #Development Mixer São Paulo, este blogpost aborda como as mulheres estão superando obstáculos e buscando crescer todos os dias.
Desafio 1: Criando Autoridade enquanto Líder
Um dos maiores desafios apontados pelas mulheres em posições de liderança é a necessidade sentida de, quase imediatamente, provar seu valor, buscando dominar todos os detalhes e ser referência em tudo.
A origem desse sentimento provavelmente reside na percepção de que a mulher é mais cobrada por estar naquela posição, mais questionada por estar ali e, consequentemente, acaba não se sentindo aceita e pertencente àquele lugar.
Vale lembrar que, por mais difícil que seja em alguns momentos, autoridade é algo que se constrói ao longo do tempo. Para alcançar esse resultado, é importante desenvolver e confiar na equipe. Como muito bem disse Taís Morais (Wellhub), “Autoridade é uma coisa que é percebida”.
Desafio 2: Provar Valor e ser Ouvida
Em uma área que por muito tempo foi tida como masculina (isso sequer existe?), quando poucas mulheres conseguem entrar no clube, existe uma notória resistência por parte da equipe em derrubar muros e estar abertos a mudanças.
Muitas mulheres relatam o quanto é difícil serem ouvidas ou terem seu valor reconhecido. O esforço further para ser ouvida e respeitada pode ser desgastante e aumentar a pressão sobre as mulheres para estarem sempre preparadas e controlando todos os aspectos do seu trabalho.
Como apontado pela Nicolle Aquino (Rappi), “quando a mulher entra e vai discutir algo, ela tem que provar seu valor com muito mais dados e certeza do que está falando,” comentou Nicole.
Desafio 3: Diferentes percepções sobre a Assertividade
A comunicação eficaz se faz necessária em todos os aspectos da vida. Em ambientes corporativos, a troca de informações – seja por texto ou by way of oral – é ainda de maior importância, já que é a mesma que faz mover prazos e projetos.
Nesse sentido, um desafio adicional é a percepção quanto a assertividade feminina. Enquanto a masculina é frequentemente vista como algo positivo, as mulheres assertivas podem ser percebidas como “bravas”, “grossas”, “mal humoradas”, entre uma série de outras colocações injustas e infundadas.
“Se você não é firme, você não tem voz, mas se você é firme demais, talvez você esteja sendo inconveniente,” Nicolle (Rappi). Essa dualidade cria um ambiente complicado onde as mulheres precisam equilibrar cuidadosamente sua comunicação para serem levadas a sério sem serem mal interpretadas. Imagina isso o dia todo, de segunda a sexta.
Desafio 4: o Imaginário Masculino em Vagas Analíticas
Infelizmente, o desenho que muitos promovem de uma pessoa a partir de uma descrição (alguém que salva o planeta, alguém que apaga o fogo, alguém que traga resultados) são frequentemente associadas a uma figura masculina no imaginário coletivo.
Mariana Ferronato (Nomad) trouxe este ponto ao mencionar uma experiência pessoal, onde a imagem de um líder analítico period sempre um homem branco de terno. Tais estereótipos podem dificultar ainda mais para as mulheres serem vistas como líderes adequadas em tais posições. “Quando começa a ter vagas mais analíticas, acaba vindo um imagético masculino”.
Desafio 5: Síndrome do Impostor e a Necessidade de Diversidade
Talvez por diversas questões culturais, construção da sociedade, além dos itens citados aqui, a síndrome do impostor, em que as pessoas acabam sofrendo de uma inferioridade ilusória, acaba sendo algo comum entre as mulheres em posições de liderança.
Por isso, a diversidade é tão necessária. Quanto mais pessoas diversas ocuparem diferentes cargos, principalmente ligados à liderança, cargos de confiança e estratégicos, a tendência de tais relatos é diminuir.
Sobre isso, Grazi Sbardelotto (pmweb), mencionou que seu board é composto por 50% de mulheres, o que é uma exceção no mercado. “Olhar para dentro de casa, e saber que todo o apoio que eu tenho, a diversidade que eu tenho… E saber que muitas vezes vou chegar no cliente, vou chegar no mercado, e a realidade não é essa,” refletiu Grazi.
Os benefícios da visão feminina nas empresas
A presença feminina nas empresas traz inúmeros benefícios, como a capacidade das mulheres de fazer um “zoom out” e mapear o time, entendendo o motor de cada pessoa para gerar engajamento e resultados. “Essa capacidade de atenção aos detalhes traz mais resultado,” afirmou Taís. Nicolle complementou dizendo que as mulheres tendem a criar uma conexão maior com as pessoas, o que gera um ambiente mais engajado e colaborativo.
Além dos benefícios diretos no desempenho da equipe, Mariana e Grazi destacaram a importância da diversidade para a retenção de talentos. Empresas que promovem a diversidade são mais atraentes tanto para mulheres quanto para homens que valorizam um ambiente de trabalho inclusivo. Grazi mencionou estudos da McKinsey que mostram que empresas diversas têm 35% mais resultados.
Vale lembrar que o público feminino tende a ser mais resiliente e com maior facilidade em se adaptar, atributos essenciais em qualquer momento de empresa, mas principalmente em períodos mais desafiadores, com mudanças ou crises.
Líderes femininas também tendem a investir mais em programas de desenvolvimento de talentos e na capacitação de suas equipes, promovendo um crescimento profissional contínuo para todos, incluindo a própria empresa.
Ao longo do painel e deste blogpost, foi possível perceber o quanto o mercado tech possui deficiências em relação a abertura de espaço para as mulheres. O cenário mudou, claro, e isso já é um passo importante, mas é preciso muito mais. Pois, cada vez que uma atitude preconceituosa acontece, mais de um talento é perdido no mercado.
Com mais mulheres presentes nas faculdades voltadas para tecnologia, em camps, em empregos, em palestras e, claro, em cargos de liderança, mais o mercado – e o mundo – tendem a evoluir e a se inovar.